28 de fevereiro de 2022

TEMPO FEIO


Dizem que o tempo é a duração das coisas
E que é relativo e até cheio de brisas
Há tempo nublado, com muitas divisas
Com nuvens claras e escuras, nada concisas.
Mas quando o tempo vira trovoada
Até os pássaros criam revoadas
Algumas pessoas ficam enjoadas
O medo prevalece deixando atordoadas.
Dependendo do tempo a coisa é feia
Pancada das pedras nas janelas e teias
Acuando na casa como se na cadeia
O medo é tanto que até desnorteia.
Tempo de sol, tempo de chuva
Quando o tempo é bom, cai como luva
Deixa feliz solteiro, casado e viúva
More em Maringá, Mata Grande ou Garuva.
Elias C. Brandão - 28/02/2022

BRINCADEIRA DE CRIANÇA


Brincadeira de criança é alegria
Corre, pula é aquela euforia
Não se trombam, que maestria
E acontece com crianças da periferia.
Essas crianças correm soltas sem ameaça
Se de condomínio seria aquela desgraça
O apartamento na prática seria a praça
Que chato, a vida deve ser uma mordaça.
Em condomínio, brincadeira é ilusão
A fantasia, não tem espaço nele não
Para a brincar, quatro paredes é a criação
O dia a dia no fundo uma reclusão.
Já nos bairros as brincadeiras tem vida
Corre corre entre crianças bem resolvidas
Pula corda, salve salve, coisa linda
Vida alegre, sorridentes, bem vivida.
Criança de apto, cresce com medo da rua
Cresce sem vida social, uma criança crua
Não são criativos, tem medo de falcatrua
Os pais pagam para que a escola a reconstrua.
Elias C. Brandão - 27/02/2022

PACIÊNCIA


Paciência para viver
Também para conviver
Sem falar para reviver
Imagine para sobreviver.
Paciência para suportar
Imagine para consertar
Também no transportar
Mais ainda em confortar.
Paciência para ajudar
Planejar e mudar
Também na hora de estudar
Marca para se consolidar.
Quem não tem paciência
Tem indício de prepotência
A queda é a iminência
Caminho para a decadência.
Elias C. Brandão - 26/02/2022

25 de fevereiro de 2022

GUERRA


Uma guerra se inicia por quebra de acordos ou ambição
Nem sempre começa por simples exibição
Para toda guerra deveria prevalecer a proibição
Quem quebra acordos, sofrer repreensão.
Uma guerra deixa milhões sem informações
As notícias nem sempre dão as dimensões
Um canal com um viés informa haver rendições
Outro de viés oposto diz que ocorreu retaliações.
As guerras são históricas e desumanas
Mas leva milhões a condições subumanas
São praticadas por pessoas insanas
Que governam se achando bacanas.
Uma guerra deixa medo deixa fome
Perambulando a pessoa perde o nome
Sem trabalho e destino pelo mundo some
É desumano sair a caçar qualquer coisa, e come.
O melhor seria se evitar uma guerra
E se começou que se inicie paz na terra
Pois não é humano pegar corpos e enterra
Como se animais enterrados no pé da serra.
Elias C. Brandão - 25/02/2022

24 de fevereiro de 2022

DESESPERO DE UM POMBO


Os vitrôs abertos sempre enganam os pássaros
Adentram e ficam presos, deixando-os bárbaros
Tentam escapar, mas o vidro é muito claro
Se atiram nas janelas e sentem-se sem amparo.
Sempre me dou de frente com um
Onde resido é muito comum
Talvez adentre por estar em jejum
Antecipo que a ave não é um mutum.
O que mais entra é pomba ou pombo
Tem por aqui e também no quilombo
Quando nem percebo com um eu trombo
Que dó do desespero, da batida e do tombo.
Deve adentrar em busca de um ninho
É tudo o que quer aquele passarinho
Vejo-o cansado o pego com todo carinho
Solto no ar, liberdade àquele pombinho.
Como é triste ver se batendo e trombando
No desespero é possível sentir o brando
Querendo escapar aflito e tombando
Pois as cacetadas no vitrô deixa vegetando.
Para a árvore se vai em busca de um canto
Canto para o ninho é o quer, adianto
Semanas depois debaixo das asas manto
Vejo os filhotes a voar, que encanto.
Na construção do ninho percebo histeria
O pombo busca gravetos, a pomba entrelaçaria
Fica tão bem trabalhado o serviço em parceria
Que dá inveja aos humanos, aquele ninho-galeria.
Elias C. Brandão - 24/02/2022

23 de fevereiro de 2022

NOITE ESTRELADA


Que bela noite estrelada
Se apresentando modelada
Admirada por quem mora no campo
Após um dia todo no trampo.
Estrelas não vistas nas cidades
Pois as luzes causam ambiguidades
Pra quem vê, quanta felicidade
Mas a claridade ofusca acuidade.
Em noite sem nuvem no céu
Saia da cidade e do Jardim batel
Vá para o campo e leve o Miguel
Aprecie o espaço, o céu é um pincel.
Deitar no chão e contar as estrelas
Que coisa gostosa, todas são belas
As três marias parecem donzelas
E o cruzeiro é de esticar as canelas.
Uma história dizia que contar dá berrugas
Já me arrisquei, inclusive nas madrugas
Me enganaram criança, e hoje com rugas
Conto estrelas e não tenho verrugas.
Elias C. Brandão - 23/02/2022

22 de fevereiro de 2022

ESPINGARDA DO VÔ


Veio à mente algumas lembranças
A espingarda do vô pronta pra matança
Que consciência tinha o vô e "essa criança"
No esconderijo, um tiro e toda confiança.
O ato era na roça com uma carreira de milho
Dezenas de pombos pousavam seguidos em trilho
A espingarda em punho e o dedo no gatilho
Pronto para atirar sem nenhum empecilho.
Os pombos abatidos serviam o almoço
Mas se fosse hoje, sei não meu moço
As leis mudaram, o vô teria alvoroço
Se explicar pra polícia ou se esconder no poço.
Lembro que não matava por matar
Matava pra se alimentar
Mistura para o almoço e o jantar
Alimentos para o corpo suplementar.
A espingarda sempre carregada
Escondia-se atrás da porta da entrada
Um bornal impedia de vê-la pendurada
Fosse de dia ou de madrugada.
Elias C. Brandão - 22/02/2022

21 de fevereiro de 2022

LAMPARINA DA VÓ


Oh! lamparina, eu lembrando de ti
Clareando o terreiro pra ver o quati
Décadas se passaram do seu fim
Mas nas noites na vó, lembro do cê, sim.
Da cozinha irradiava luzes a distância
Lembro bem, pois vivia a infância
Clareava a tudo que procurava
Seu reflexo na água do poço arrasava.
Permitia enxergar a comida no prato
A você lamparina, não fui tão ingrato
Clareava pra assustar o lagarto
Além da sala, corredor e o quarto.
Lembro do vô falando: traz a lamparina
Também lembro da fumaça nas narinas
Tempo gostoso se passava no sítio
Com o vô, a vó e o tio.
Do passado ficaram as lembranças
Da lamparina a suas nuanças
Dando alegria nos exercícios da escola
E quando tinha provas, organizava a cola.
Elias C. Brandão - 21/02/2022

A SOMBRA


Sombra: refúgio para quem foge do sol
More no campo ou na cidade de Mirassol
Num calor escaldante, sombra pra o girassol
Só não o procuramos com o pôr do sol.
Todo animal procura uma sombra
Mas em momentos é claro se assombra
Se assombra com o som que da sombra escuta
Mas a sombra ajuda no descanso pra labuta.
A sombra se procura no campo
Já vi procurar na hora do trampo
Se procura na caminhada também
Em Maringá, São Paulo ou Belém.
Se há coisa que no sol se procura
É a sombra vinda de qualquer altura
Faz bem pra saúde, refresca e cura
Descansa o corpo de qualquer criatura.
Elias C. Brandão - 20/02/2022

19 de fevereiro de 2022

FALTA DE AR


Eis que de repente, cadê o ar
Procura, procura sem parar
Ar que não vem com uma queda no chão
Sente-se tonto e palpita o coração.
Uma queda brusca de longa altura
Te nocauteia deixando sem ternura
Cai de bunda com tudo no chão
E no chão cadê o ar do pulmão.
A falta de ar é coisa feia
Derruba e deixa a pessoa alheia
Dependendo do tombo, nocauteia.
Quem nunca teve evite ter
O melhor mesmo é se abster
E quando faltar, procure se conter.
Elias C. Brandão - 19/02/2022

18 de fevereiro de 2022

BRINCAR DE POETIZAR


Brincar com as palavras é aprendizagem
Mas quem ler, favor não fazer chantagem
Escrevo brincando com medo e coragem
Sem saber se o leitor entende a linguagem.
Brinco com as letras e suas combinações
Pois instiga o conhecimento, provocando inspirações
Para todo poema enfrento as ponderações
Da rima, do tom e suas oscilações.
Um poema bem acabado dá prazer dá emoção
Mesmo sendo principiante até parece promoção
Planeja o próximo com coragem e disposição
Sabe dos solavancos, mas faz parte da composição.
Brincar de poetizar evita titubear
Como se nota de viola, não pode bobear
Fico atento no ouvir, no olhar e escutar
Aguça-me os sentidos para tudo captar.
Quando a ideia pego no ar
Até um sopro parece peculiar
Se complementam em um só transar
Tá o poema pronto pra arrasar.
Elias C. Brandão - 18/02/2022

O FARO DA NINA


O quanto é interessante o faro de um cachorro
Moremos no campo, na cidade ou no morro
Quando nem se espera vem ao nosso socorro
Mas de alguns não tem jeito, eu corro.
O que mais chama atenção é o faro
Superprotetora no escuro ou no claro
É tão meiga que damos todo amparo
Animal como cachorro, posso dizer: coisa raro.
No caso da Nina, encontrada abandonada
Nos adotou e é muito apaixonada
Parece entender tudo e fica triste se pressionada.
Como não gostar de um animal que tudo entende
De faro ativo que a tudo transcende
Entende a fala, o gesto e a todos compreende.
Elias C. Brandão - 17/02/2021

16 de fevereiro de 2022

PEDAGOGIA DO OPRIMIDO


Interessante dar de frente com Paulo Freire
De frente a ele em Pedagogia do Oprimido
Meu conterrâneo nordestino, na educação confreire
Suas ideias possibilitam consciência destemido.
Do povo nordestino um colossal educador
Aquele que alfabetizou com palavras geradoras
Da Educação de Jovens e Adultos um grande sacador
Apoiado pela esposa que dele foi auxiliadora.
Influencia educadores com sua pedagogia crítica
Educadores que adquirem posições políticas
Posições que mudam a realidade e a geopolítica
Tremendo governos que se apegam na necropolítica.
Na Pedagogia do Oprimido diz o educador fecundo:
"Ninguém se conscientiza separadamente dos demais.
A consciência se constitui como consciência do mundo"
Consciência necessária para mudar as classes sociais.
Dizia o educador "que a sectarização é sempre castradora"
Que a "radicalização, pelo contrário, é sempre criadora"
A "sectarização é mítica por isto alienante" e dominadora
A "radicalização é crítica" e transforma, "por isto libertadora".
Elias C. Brandão - 16/02/2022

VACINAR-SE


Não tenha medo.
Não siga Bozonaro.
O homem é um enredo.
Negativista e sem faro.
Vacine-se urgente.
Com qualquer oferecida.
Seja inteligente.
A vida importa, decida.
Mais mortes? Não.
Assassinato? Cadeia.
Gripezinha? Monstrão.
Presidente que golpeia.
No Brasil. Nova cepa.
Cepa fruto do descaso.
Sobre nós, flepa.
Não deixemos no acaso.
À rua, o povo vai.
Pressão para mudar.
Bandeiras. Levai.
Esperança a referendar.
Impeachment seria necessário.
Carreatas em massa na rua.
Não é só ser adversário.
É lutar para não morar na rua.
Elias C Brandão - 26/01/2021

15 de fevereiro de 2022

O NAMORO DOS POMBOS


Da janela vejo os pombinhos em luta
A luta se dá por uma pombinha em disputa
Os ataques ocorrem pela asas que solapeiam
A cada solavanco um ao outro golpeiam.
A pombinha à distância observa as condutas
O fugitivo perde a luta e por outra labuta
À distância ver o rival a se aproximar da pombinha
Que de imediato passa a ser a namoradinha.
Conquistados se coçam, provocam e se aproximam
Se olham, se conquistam e não se subestimam
Em namoro, do rival a distância nem se lastimam.
Se bicam e se coçam carinhosamente
Se abraçam e se beijam simultaneamente.
Enfim, se entrelaçam e se atracam inteiramente.
Elias C. Brandão - 15/02/2022

14 de fevereiro de 2022

O AMANHECER


Da janela vejo o amanhecer de um novo dia
O cantarolar dos pássaros parecendo simetria
O sol surgindo e mostrando sua alegoria
Brilhando forte sem nenhuma histeria.
Os pássaros festejam e namoram
Alguns fazem ninhos e dialogam
Impossível saber o que comemoram
Com voos rasantes os novatos se aprimoram.
O vento fresquinho trazendo alegria
Aumentando na gente aquela euforia
Tomara que o dia não seja de correria
O banho e o café completam a parceria.
Elias C. Brandão - 14/02/2022

13 de fevereiro de 2022

DESESTABILIDADE


As falas de um sujeito criam desestabilidades
Pensa que armas oferecem hombridades
O comportamento não é democrático
Na prática age de forma sarcástico.
Parece doentio em suas posições
Direto ataca as instituições
Defende as armas como segurança
Mas pessoalmente vive na insegurança.
Sociedade armada é nação insegura
Que passa na cabeça daquela criatura
Povo armado aproxima-se de milícia
Não tem preparo e põe em risco a polícia.
Frente a seus iguais se metamorfoseia
Com um microfone os outros pisoteia
Inflama e ameaça deliberadamente
Parece fazer e agir intencionalmente.
Elege os outros como adversários
Nos discursos agride e provoca o judiciário
Tem uma parcela do povo como apoiadores
Os membros do governo são conspiradores?
Duvida da urna eletrônica e do voto digital
Penso que age de forma proposital
Voto de papel seria o cume do atraso
A seu comportamento o melhor é o descaso.
Que o Brasil fuja da desestabilidade
Passou da hora de garantir diversidade
O povo não merece tantos ataques
Que o Brasil no mundo volte aos destaques.
Elias C. Brandão - 13/02/2022

12 de fevereiro de 2022

O MEDO


O medo do medo
Faz bem para o medo
Quem nunca teve medo
De ter medo do medo.
Medo da fome
E também de lobisome
Medo de pronome
E de qualquer nome.
Medo da morte
E da falta de sorte
De não ser forte
Em ir para qualquer norte.
Medo do desemprego
E da falta de arrego
Medo de não ter sossego
Mais ainda de morcego.
Medo de assalto
Ao passar pelo Planalto
Medo de gritar alto
E ser empurrado no asfalto.
Medo da polícia
Da polícia na milícia
Medo da patrícia
E da falta de malícia.
Medo de professorar
Da crise demorar
De não poder comemorar
Sem poder aprimorar.
Vencer o medo, sendo forte
Do medo, fazer um recorte
Encará-lo com esporte
O medo ajuda a ter sorte.
Elias C. Brandão - 12/02/2022